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Honestidade ? Qualidade ou Obrigação
*Por Ivan Postigo Todas as empresas de uma forma ou outra tem critérios formais ou informais para avaliação periódica de seus funcionários. Não é difícil encontrar uma pessoa que não tenha vivenciado a implantação de um programa de avaliação de desempenho. Um determinado dia, em que debatíamos quais critérios seriam usados no programa periódico de avaliação, alguém sugeriu que colocássemos a honestidade como um dos itens de qualidade pessoal. Sem aparente razão, fez-se um longo silêncio na sala e nem mesmo o questionamento do facilitador da reunião provocou qualquer reação imediata. Passado o momento de reflexão, um dos integrantes do grupo de avaliação de critérios fez a seguinte pergunta: - Vocês colocariam suas contas bancárias sob a administração de uma pessoa que fosse 99% honesto? A rejeição foi imediata. Logo em seguida veio outra pergunta: - Como avaliar a honestidade? Imediatamente um dos integrantes do debate respondeu: - Honestidade não se mede por graus. Uma pessoa é honesta ou não. A seguir veio a pergunta fatal: - O que é ser honesto? Essa pergunta desencadeou um grande debate, com todos tentando falar ao mesmo tempo, fazendo perguntas em busca de respostas. Como se conceitua a honestidade? Imediatamente surgiu um dicionário e foram lidos os sinônimos de honestidade: integridade, inteireza, justiça, probidade, retidão, honradez, dignidade. Seriam estes sinônimos suficientes para nos dar uma visão completa e ou conceituar honestidade? Estaria honestidade ligada a conceitos e valores culturais? Honestidade está relacionada a valores estabelecidos por comunidades em determinadas épocas e são mutáveis? Os avanços tecnológicos e dos costumes podem ter efeitos nos conceitos que determinam o que é ser ou não honesto? Honestidade é algo ligado ao caráter de cada pessoa ou é algo que se aprende? O que seria necessário para um treinamento de honestidade e quem poderia ministrar as aulas? Novo silêncio reinou na sala, quando um engraçadinho fez a seguinte pergunta: - Quem se candidata a professor de honestidade? Silêncio por constrangimento? Não, simplesmente porque não parecia possível determinar com exatidão o que é honestidade. O debate seguiu, abordando desde objetos encontrados e perdidos no banco da praça ao estabelecimento de lucros pelas empresas. Uma caneta encontrada num banco de praça deveria ou poderia ser usada por quem a encontrou ou isso seria desonestidade? Um empreendimento voltado à assistência à comunidade, com objetivo apenas de ajudar as pessoas, deveria ou poderia ter lucro nas suas operações? Em um debate como esse não faltam opiniões, exemplos, recomendações, a dificuldade é o consenso, dizia um dos integrantes. Para piorar a situação veio outra pergunta: - Honestidade é algo que demanda consenso? Por falta deste, alguns queriam debater mais, outros queriam deixar a questão para uma próxima reunião, outros não aceitavam as divergências de opiniões e queriam tirar o quesito da avaliação. No momento em que o país passa por ondas de denúncias, debater o que é honestidade pode não resolver nossos problemas, mas certamente coloca um pouco de luz nos nossos valores pessoais e estabelece alguns limites para conduta. Talvez nas próximas eleições todos nós nos motivemos à refletir um pouco mais sobre as pessoas que colocaremos para cuidar da nossa conta bancária, fruto da arrecadação dos impostos. Sim, essa conta bancaria é nossa, não duvide nunca disso. Dinheiro nosso com um único objetivo: ?Bem estar coletivo, ainda que assim não seja usado?. *Ivan Postigo é diretor de Gestão Empresarial (www.postigoconsultoria.com.br). ...


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